segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A dois passos de algum lugar...


Não existe melhor escola na vida que viajar, ver de perto povos, costumes e culturas diferentes. Acho que a maioria das pessoas não tem a menor idéia de como o mundo é grande, de como realmente existe tanta gente vivendo em realidades tão diferentes da nossa.
A poucos dias terminei uma viagem de 7mil km pela América do sul e fiquei maravilhado com a diversidade de culturas. Andei pela Bolívia, Chile, Argentina, Paraguai, sul e centro-oeste do Brasil. Existe muito a se falar sobre cada especto desses países, nesse post vou tentar descrever o aspecto social da Bolívia, que pude perceber enquanto estive lá.

O povo Boliviano parece muito com o Brasileiro na hospitalidade, na generosidade, é um povo muito caloroso, assim como o Brasileiro. Por onde passei não percebi maldade, não me pareceu um povo desonesto em nenhum momento, talvez isso se deva a sua natureza quase que completamente indígena e muito da cultura indígena ainda sobrevive. Fora das grandes cidades existem vários vilarejos com povos descendentes de índios, quase todos descendentes de Incas. Nesses lugares não se vê muito desenvolvimento tecnólogico, é como ver um museu vivo, eles conservam muito de sua cultura ancestral. Nos lugares frios usam roupas típicas, as mesmas usadas a milhares de anos atrás, casacos feitos de pele de animais e lã de llamas ou alpacas. Nas grandes cidades o nível de escolaridade é relativamente alto, pois o ensino público oferecido a população é de dar inveja, a países como o Brasil. Em uma conversa com um porteiro de uma oficina dialogamos acerca da colonização da América do sul e pasmem, ele realmente sabia do que estava falando e me ensinou muita coisa sobre seu país. Seguindo viagem depois de 1 dia em Santa Cruz de la Sierra e 2 dias em Cochabamba, duas grandes cidades Bolivianas, estava próximo de chegar no início do Deserto do Atacama e já bem alto a uns 4mil metros de altitude. Por essa região as pessoas realmente parecem com os incas, em tudo! suas casas, seu modo de vida, a forma como coletam alimentos. Suas casas são construidas em barro, uma espécie de casa de taipa, mas algo um pouco mais eficiente. Tiram alimentos de alguns vegetais que sobrevivem ao solo e ar seco, e a temperaturas constatemente geladas, e de alguns rebanhos de llamas e alpacas, de onde também retiram lã e pele para confecção de seus casacos.
O povo é bastante obediente. No dia que estava marcado para cruzarmos a fronteira em direção ao Chile coincidiu com o dia de eleição para presidente na Bolívia e o nosso grande amigo, simpaticíssimo Evo Morales, mandou, sem motivo aparente, que fechassem as fronteiras até mesmo para estrangeiros. E ao chegar na fronteira já era visível, antes mesmo de chegar na aduana, uma fila de uns 40 caminhoes da Bolívia e Chile, nenhum deles se atreveu a atravessar a fronteira, mas nós não podiamos mais esperar e desesperadamente afastamos blocos de concreto e cruzamos a fronteira. Quando estavamos passando fomos fitados por olhares indignados de Bolivianos e Chilenos que esperavam pacientemente, na fila, pelo momento de reabertura da fronteira. Andamos uns 100km sozinhos na pista, sem um carrinho só pra contar história. e a historia continua em mais algum post... rsrs